segunda-feira, 27 de abril de 2009

A Renault de Doisneau


Robert Doisneau (1912-1994), um dos maiores fotógrafos humanistas do século XX, começou sua carreira na Renault. Tinha apenas 22 anos quando foi contratado pela empresa como “fotógrafo itinerante”, em 1934. Doisneau conhecia um pouco de fotografia, mas desconhecia o universo da grande indústria e da alta sociedade francesa. Porém, durante os cinco anos que se seguem, deixará para a posteridade um imaginário inesquecível sobre estes dois mundos que até então desconhecia. O conjunto de fotografias que realiza entre 1934 e 1939 é um testemunho precioso de uma empresa mítica e de um tempo passado
Desde o início, Doisneau é instigado por uma dupla tarefa: de um lado, registrar visualmente tudo que concerne à vida dentro de uma fábrica – assim como as máquinas, as oficinas, as linhas de montagem, os diferentes lugares e momentos da vida operária (cantina, vestiário, as saídas...); de outro, realizar as fotografias “publicitárias” destinadas a aumentar o prestigio da marca, promovendo a elegância dos automóveis Renault, associando-os às jovens e elegantes mulheres da alta sociedade da época, famosas ou não. Suas reportagens vão dar origem a um conjunto de fotografias excepcionais onde a acuidade da visão estética modernista concorre com a densidade do sentido humano. As imagens da fábrica remetem a um imaginário emocional: o orgulho dos trabalhadores, a onipresença das enormes máquinas onde o homem deve encontrar o seu lugar, e a beleza dos parques industriais. Essas fotografias de um universo laborioso demonstram, tanto quanto as fotografias publicitárias, as influências recebidas pelo jovem fotógrafo e, ao mesmo tempo, o seu precoce domínio do enquadramento e da luz. Suas fotografias mostram um só modelo de automóvel e apresentam, muitas vezes, um tratamento vanguardista da matéria do solo no primeiro plano da fotografia
Esta exposição, enriquecida de cerca de 100 fotografias, é ao mesmo tempo a história da fotografia moderna e a história de uma época, na França, que nos são mostradas através do olhar particularmente talentoso de um grande

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