Sebastião Salgado parece um pouco alérgico a Los Angeles. E isso não é só porque o celebrado fotojornalista brasileiro está fungando desde que chegou na cidade. "Nasci num ecossistema tropical. Não estou acostumado a essas plantas", diz ele.
Mas também porque ele apimenta sua descrição da cidade com palavras como estranha e maluca, observando que ficou mesmerizado com o fluxo interminável de automóveis que viu da janela de seu avião ao chegar aqui.
A região metropolitana de Los Angeles é, em todo caso, uma disparidade frustrante em relação às remotas, pouco povoadas e desertas locações por onde ele tem viajado para realizar seu trabalho épico e ecológico em andamento chamado "Gênesis". Famoso por dar uma face humana à pressão política e econômica de países em desenvolvimento, Salgado está fotografando os vestígios mais prístinos de natureza que pode encontrar: áreas do planeta intocadas pelo desenvolvimento moderno.
Mas também porque ele apimenta sua descrição da cidade com palavras como estranha e maluca, observando que ficou mesmerizado com o fluxo interminável de automóveis que viu da janela de seu avião ao chegar aqui.
A região metropolitana de Los Angeles é, em todo caso, uma disparidade frustrante em relação às remotas, pouco povoadas e desertas locações por onde ele tem viajado para realizar seu trabalho épico e ecológico em andamento chamado "Gênesis". Famoso por dar uma face humana à pressão política e econômica de países em desenvolvimento, Salgado está fotografando os vestígios mais prístinos de natureza que pode encontrar: áreas do planeta intocadas pelo desenvolvimento moderno.
Ele visitou a tribo seminômade Zo'é, no coração da floresta tropical brasileira e enfrentou trechos desolados do Saara. O próximo destino: dois meses na cadeia montanhosa Brooks, no Alaska, no rastro dos caribus e das ovelhas Dall.
Mas esse tipo de ambientalismo é caro o suficiente para ele ter de voltar para as cidades grandes em busca de apoio. Foi o que o trouxe aqui para três dias de negociações, reuniões e festas. Numa noite ele fez uma apresentação de slides mostrando seu novo trabalho de "Gênesis" para uma platéia lotada no Hammer Museum. Na noite seguinte, ele foi o convidado de honra num jantar para levantar fundos na galeria Peter Fetterman, em Santa Mônica, onde parte de seu novo trabalho está sendo exibido na mostra "África", até 30 de setembro.
Depois disso, ele foi para São Francisco para um jantar beneficente dado por Robin Williams, antes de voltar para Paris, que ele considera sua casa, tanto quanto Vitória, no Brasil.
Isso pode parecer uma agenda de penitência, mas o fotógrafo de 65 anos diz que não se importa e não perde a concentração no trabalho mesmo quando cercado por colecionadores e celebridades que apóiam a arte.
Sentado na galeria Peter Fetterman, com uma foto de zebras na Namíbia pendurada sobre sua cabeça, Salgado comparou seu tempo longe da natureza com o momento de potencial ruptura em que ele tem que trocar o filme em sua câmera, quando ele gosta de fechar os olhos e cantar para não perder a concentração.
"Eu vim aqui para algumas coisas especiais, mas minha cabeça está lá, meu corpo está lá", disse ele com uma expressão absorta e um leve sotaque brasileiro. "Posso dormir num quarto de hotel em Los Angeles, mas na minha cabeça estou sempre editando fotos".
Para "Gênesis", um projeto de oito anos concluído quase pela metade, ele está montando uma história visual sobre os efeitos do desenvolvimento moderno sobre o ambiente. Mas em vez de documentar diretamente os efeitos da poluição ou do aquecimento global, por exemplo, ele está fotografando lugares naturais que ele acredita que de certa forma "escaparam ou se recuperaram" dessas mudanças: paisagens de terra e mar, animais e tribos indígenas que representam um estado anterior, puro - prístino é a palavra favorita - da natureza.
Dessa forma, "Gênesis" é um projeto grandioso e romântico de retorno à natureza, combinando elementos pastoris e sublimes. Salgado também o descreve como um retorno à infância, quando ele cresceu numa fazenda no Vale do Rio Doce, no sudeste do Brasil - que na época tinha 60% de mata atlântica - que sofreu com erosão e desmatamento terríveis. Anos mais tarde, em 1998, ele e sua mulher, Lélia, fundaram o Instituto Terra, com 1.500 acres, para realizar um projeto de reflorestamento ambicioso na região. Sua mulher, que também cuida do design de seus livros e exposições, é a presidente do instituto; ele é o vice-presidente e seu porta-voz mais famoso. Ou, como Ian Parker escreveu na revista "The New Yorker", Salgado é mais do que um fotojornalista, "da mesma forma que Bono é algo mais do que um pop star".
Resumindo, enquanto o Instituto Terra é o braço enraizado de ativismo ambiental local, "Gênesis" é sua contrapartida voltada para as fotos, com uma visão mais global. Desde que empreendeu a série em 2004, visitou cerca de 20 lugares nos cinco continentes.
Ele começou com uma série de fotos das Ilhas Galápagos, que homenageavam os estudos de Darwin por lá. (Salgado disse que o título, "Gênesis", não tem intenção de ser religioso.) "Darwin passou entre 37 e 40 dias lá", disse. "Eu consegui ficar três meses, o que foi sensacional". Ele ficou impressionado de ver com os próprios olhos a seleção natural em espécies como o cormorão, um pássaro que perdeu a capacidade de voar depois de ter sido obrigado a buscar comida debaixo d'água.
No outono passado, Salgado passou dois meses na Etiópia, onde fez uma caminhada de cerca de 800 quilômetros (com 18 mulas de carga e seus donos) desde Lalibela até o Parque Nacional Simien, onde fotografou montanhas, tribos indígenas e espécies raras como um babuíno peludo conhecido como "gelada". "Eu estava viajando naquela região da mesma forma que as pessoas faziam a 3 ou 5.000 anos atrás", disse.
Bem, quase da mesma forma. Ele levava um telefone via satélite, o que o tornou o guia do grupo no que dizia respeito a receber notícias das eleições norte-americanas em novembro. "Quando descobrimos que Obama venceu, todos que estavam guiando as mulas começaram a pular", disse.
Ele chamou a eleição de Obama de "uma vitória para o planeta".
Ele tem um otimismo cauteloso em relação a seu próprio trabalho ambiental.
"Estou 100% certo de que, sozinhas, minhas fotos não fariam nada. Mas como parte de um movimento maior, espero que elas façam a diferença", disse ele. "Não é verdade que o planeta está perdido. Precisamos trabalhar duro para preservá-lo".
Os primeiros projetos de Salgado também foram instigados por uma sensação de urgência. Antes de se tornar um fotógrafo ele fez seu trabalho de doutorado em economia agrícola na Universidade de Paris e trabalhou como economista para a Organização Internacional do Café em Londres. É possível ver essa formação na abrangência e complexidade de suas fotos.
"Trabalhadores", um projeto de sete anos concluído em 1992, trazia imagens de trabalhadores de 26 países, incluindo suas aclamadas fotos dos garimpeiros em Serra Pelada, no Brasil. "Êxodos", um projeto de seis anos fotografado em mais de 40 países e concluído em 1999, focava imigrantes, refugiados e outras populações deslocadas que são financeiramente, e com frequência fisicamente, vulneráveis. (Ambas as séries se tornaram livros.)
Um curador do Getty Museum, Brett Abbot, que está incluindo "Êxodos" em sua mostra de 2010 sobre fotojornalismo narrativo, diz que essa "abordagem épica" é uma das marcas registradas de Salgado: "De todos os fotógrafos que estou olhando, ele foi provavelmente o que escolheu as maiores estruturas conceituais. Ele está sempre olhando para os problemas globais".
Nesse sentido, "Gênesis" não é uma novidade tão grande quanto pode parecer de início.
Mesmo apesar de ele ter recentemente migrado para uma câmera digital para impressões de grande escala, as fotos de Salgado tem uma sensibilidade consistente. Ele ainda faz negativos. E ainda gosta de fotografar seus temas usando contra-luz, enfatizando - ou romantizando, dizem seus críticos - suas formas. Ele ainda trabalha em preto e branco. E seu trabalho ainda culmina em ensaios fotográficos que, através de uma rede de pequenas histórias, revelam algo a respeito de uma espécie inteira. Seu tema fundamental são os sistemas sociais, e agora os ecossistemas.
Seu galerista de longa data, Peter Fetterman, também vê uma linha contínua forte em sua carreira. Apesar de ter inicialmente se surpreendido com o interesse pelas paisagens exuberantes ("Quando eu vi os negativos, achei que talvez estivesse no estúdio errado, ou no arquivo de Ansel Adams"), ele disse que a empatia de Salgado pelas temas é um traço fundamental. "Outros fotojornalistas saem e voltam em um dia", disse Fetterman. "Sebastião vai e vive com seus temas por semanas antes de tirar a primeira foto".
Salgado também enfatiza a continuidade entre seus vários projetos. "Não há diferença entre fotografar um pelicano ou um albatroz e fotografar um ser humano", disse ele. "Você precisa prestar atenção neles, passar tempo com eles, respeitar seu território". Até as paisagens, diz ele, têm sua própria personalidade e retribuem uma certa dose de paciência.
Seu objetivo em "Gênesis" é produzir um total de 32 ensaios visuais, que ele espera exibir em grandes parques públicos assim como em vários museus a partir de 2012. "É o meu sonho mostrar o trabalho no Central Park, não em algum prédio, mas do lado de fora, junto com as árvores", disse ele.
Até agora, o apoio financeiro para o projeto veio de vendas em galerias e acordos de reprodução com revistas como a "Paris Match" na França e a "Visão" em Portugal. Duas fundações de Bay Area - Susie Tompkins Buell's e o Christensen Fund - também emprestaram dinheiro.
Eventualmente, para levantar dinheiro para a publicação, ele planeja lançar uma edição limitada de 20 fotografias em platina. Esta seria a primeira vez para Salgado, que é conhecido por imprimir suas fotos democraticamente, tantas quantas forem requisitadas.
Este é apenas um dos elementos que faz com que "Gênesis" pareça um projeto para a posteridade: a contribuição cuidadosamente planejada e bem intencionada de um fotojornalista veterano para seus filhos, netos e para o mundo como um todo. Mas ele diz que não pensa no projeto como seu último. Apesar de admitir que talvez não tente fazer novamente uma caminhada de 800 quilômetros nas Montanhas Simien, ele diz que não tem planos de se aposentar tão cedo.
"Não conheço nenhum fotógrafo que tenha parado de trabalhar só porque fez 70 anos", disse ele, acrescentando que os fotógrafos tendem a viver por muito tempo. Ele mencionou Henri Cartier-Bresson, que morreu com 95 anos, e Manuel Alvarez Bravo, que viveu até os 100.
"Eu fui à Cidade do México para a celebração do 100º aniversário de Alvarez Bravo", disse. "Ele estava doente, com seus pés dentro de uma banheira de água quente, mas ainda estava com sua câmera. E então ele fotografava os pés".
Mas esse tipo de ambientalismo é caro o suficiente para ele ter de voltar para as cidades grandes em busca de apoio. Foi o que o trouxe aqui para três dias de negociações, reuniões e festas. Numa noite ele fez uma apresentação de slides mostrando seu novo trabalho de "Gênesis" para uma platéia lotada no Hammer Museum. Na noite seguinte, ele foi o convidado de honra num jantar para levantar fundos na galeria Peter Fetterman, em Santa Mônica, onde parte de seu novo trabalho está sendo exibido na mostra "África", até 30 de setembro.
Depois disso, ele foi para São Francisco para um jantar beneficente dado por Robin Williams, antes de voltar para Paris, que ele considera sua casa, tanto quanto Vitória, no Brasil.
Isso pode parecer uma agenda de penitência, mas o fotógrafo de 65 anos diz que não se importa e não perde a concentração no trabalho mesmo quando cercado por colecionadores e celebridades que apóiam a arte.
Sentado na galeria Peter Fetterman, com uma foto de zebras na Namíbia pendurada sobre sua cabeça, Salgado comparou seu tempo longe da natureza com o momento de potencial ruptura em que ele tem que trocar o filme em sua câmera, quando ele gosta de fechar os olhos e cantar para não perder a concentração.
"Eu vim aqui para algumas coisas especiais, mas minha cabeça está lá, meu corpo está lá", disse ele com uma expressão absorta e um leve sotaque brasileiro. "Posso dormir num quarto de hotel em Los Angeles, mas na minha cabeça estou sempre editando fotos".
Para "Gênesis", um projeto de oito anos concluído quase pela metade, ele está montando uma história visual sobre os efeitos do desenvolvimento moderno sobre o ambiente. Mas em vez de documentar diretamente os efeitos da poluição ou do aquecimento global, por exemplo, ele está fotografando lugares naturais que ele acredita que de certa forma "escaparam ou se recuperaram" dessas mudanças: paisagens de terra e mar, animais e tribos indígenas que representam um estado anterior, puro - prístino é a palavra favorita - da natureza.
Dessa forma, "Gênesis" é um projeto grandioso e romântico de retorno à natureza, combinando elementos pastoris e sublimes. Salgado também o descreve como um retorno à infância, quando ele cresceu numa fazenda no Vale do Rio Doce, no sudeste do Brasil - que na época tinha 60% de mata atlântica - que sofreu com erosão e desmatamento terríveis. Anos mais tarde, em 1998, ele e sua mulher, Lélia, fundaram o Instituto Terra, com 1.500 acres, para realizar um projeto de reflorestamento ambicioso na região. Sua mulher, que também cuida do design de seus livros e exposições, é a presidente do instituto; ele é o vice-presidente e seu porta-voz mais famoso. Ou, como Ian Parker escreveu na revista "The New Yorker", Salgado é mais do que um fotojornalista, "da mesma forma que Bono é algo mais do que um pop star".
Resumindo, enquanto o Instituto Terra é o braço enraizado de ativismo ambiental local, "Gênesis" é sua contrapartida voltada para as fotos, com uma visão mais global. Desde que empreendeu a série em 2004, visitou cerca de 20 lugares nos cinco continentes.
Ele começou com uma série de fotos das Ilhas Galápagos, que homenageavam os estudos de Darwin por lá. (Salgado disse que o título, "Gênesis", não tem intenção de ser religioso.) "Darwin passou entre 37 e 40 dias lá", disse. "Eu consegui ficar três meses, o que foi sensacional". Ele ficou impressionado de ver com os próprios olhos a seleção natural em espécies como o cormorão, um pássaro que perdeu a capacidade de voar depois de ter sido obrigado a buscar comida debaixo d'água.
No outono passado, Salgado passou dois meses na Etiópia, onde fez uma caminhada de cerca de 800 quilômetros (com 18 mulas de carga e seus donos) desde Lalibela até o Parque Nacional Simien, onde fotografou montanhas, tribos indígenas e espécies raras como um babuíno peludo conhecido como "gelada". "Eu estava viajando naquela região da mesma forma que as pessoas faziam a 3 ou 5.000 anos atrás", disse.
Bem, quase da mesma forma. Ele levava um telefone via satélite, o que o tornou o guia do grupo no que dizia respeito a receber notícias das eleições norte-americanas em novembro. "Quando descobrimos que Obama venceu, todos que estavam guiando as mulas começaram a pular", disse.
Ele chamou a eleição de Obama de "uma vitória para o planeta".
Ele tem um otimismo cauteloso em relação a seu próprio trabalho ambiental.
"Estou 100% certo de que, sozinhas, minhas fotos não fariam nada. Mas como parte de um movimento maior, espero que elas façam a diferença", disse ele. "Não é verdade que o planeta está perdido. Precisamos trabalhar duro para preservá-lo".
Os primeiros projetos de Salgado também foram instigados por uma sensação de urgência. Antes de se tornar um fotógrafo ele fez seu trabalho de doutorado em economia agrícola na Universidade de Paris e trabalhou como economista para a Organização Internacional do Café em Londres. É possível ver essa formação na abrangência e complexidade de suas fotos.
"Trabalhadores", um projeto de sete anos concluído em 1992, trazia imagens de trabalhadores de 26 países, incluindo suas aclamadas fotos dos garimpeiros em Serra Pelada, no Brasil. "Êxodos", um projeto de seis anos fotografado em mais de 40 países e concluído em 1999, focava imigrantes, refugiados e outras populações deslocadas que são financeiramente, e com frequência fisicamente, vulneráveis. (Ambas as séries se tornaram livros.)
Um curador do Getty Museum, Brett Abbot, que está incluindo "Êxodos" em sua mostra de 2010 sobre fotojornalismo narrativo, diz que essa "abordagem épica" é uma das marcas registradas de Salgado: "De todos os fotógrafos que estou olhando, ele foi provavelmente o que escolheu as maiores estruturas conceituais. Ele está sempre olhando para os problemas globais".
Nesse sentido, "Gênesis" não é uma novidade tão grande quanto pode parecer de início.
Mesmo apesar de ele ter recentemente migrado para uma câmera digital para impressões de grande escala, as fotos de Salgado tem uma sensibilidade consistente. Ele ainda faz negativos. E ainda gosta de fotografar seus temas usando contra-luz, enfatizando - ou romantizando, dizem seus críticos - suas formas. Ele ainda trabalha em preto e branco. E seu trabalho ainda culmina em ensaios fotográficos que, através de uma rede de pequenas histórias, revelam algo a respeito de uma espécie inteira. Seu tema fundamental são os sistemas sociais, e agora os ecossistemas.
Seu galerista de longa data, Peter Fetterman, também vê uma linha contínua forte em sua carreira. Apesar de ter inicialmente se surpreendido com o interesse pelas paisagens exuberantes ("Quando eu vi os negativos, achei que talvez estivesse no estúdio errado, ou no arquivo de Ansel Adams"), ele disse que a empatia de Salgado pelas temas é um traço fundamental. "Outros fotojornalistas saem e voltam em um dia", disse Fetterman. "Sebastião vai e vive com seus temas por semanas antes de tirar a primeira foto".
Salgado também enfatiza a continuidade entre seus vários projetos. "Não há diferença entre fotografar um pelicano ou um albatroz e fotografar um ser humano", disse ele. "Você precisa prestar atenção neles, passar tempo com eles, respeitar seu território". Até as paisagens, diz ele, têm sua própria personalidade e retribuem uma certa dose de paciência.
Seu objetivo em "Gênesis" é produzir um total de 32 ensaios visuais, que ele espera exibir em grandes parques públicos assim como em vários museus a partir de 2012. "É o meu sonho mostrar o trabalho no Central Park, não em algum prédio, mas do lado de fora, junto com as árvores", disse ele.
Até agora, o apoio financeiro para o projeto veio de vendas em galerias e acordos de reprodução com revistas como a "Paris Match" na França e a "Visão" em Portugal. Duas fundações de Bay Area - Susie Tompkins Buell's e o Christensen Fund - também emprestaram dinheiro.
Eventualmente, para levantar dinheiro para a publicação, ele planeja lançar uma edição limitada de 20 fotografias em platina. Esta seria a primeira vez para Salgado, que é conhecido por imprimir suas fotos democraticamente, tantas quantas forem requisitadas.
Este é apenas um dos elementos que faz com que "Gênesis" pareça um projeto para a posteridade: a contribuição cuidadosamente planejada e bem intencionada de um fotojornalista veterano para seus filhos, netos e para o mundo como um todo. Mas ele diz que não pensa no projeto como seu último. Apesar de admitir que talvez não tente fazer novamente uma caminhada de 800 quilômetros nas Montanhas Simien, ele diz que não tem planos de se aposentar tão cedo.
"Não conheço nenhum fotógrafo que tenha parado de trabalhar só porque fez 70 anos", disse ele, acrescentando que os fotógrafos tendem a viver por muito tempo. Ele mencionou Henri Cartier-Bresson, que morreu com 95 anos, e Manuel Alvarez Bravo, que viveu até os 100.
"Eu fui à Cidade do México para a celebração do 100º aniversário de Alvarez Bravo", disse. "Ele estava doente, com seus pés dentro de uma banheira de água quente, mas ainda estava com sua câmera. E então ele fotografava os pés".
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