quarta-feira, 2 de junho de 2010

Artigo da Semana - Linguagem e Arte na Fotografia


Andre Kertesz

Uma significante parte dos primeiros fotógrafos tinha na fotografia uma arte auxiliar, uma extensão da própria “câmara obscura” já bastante conhecida nos dois séculos que antecederam a invenção fotográfica. Em seu primeiro momento certamente era difícil de estabelecer com precisão a nova linguagem que se delineava na fotografia, os críticos não chegavam a nenhuma conclusão, perdendo-se em debates de ser ou não ser... arte.
Difícil seria já nascer com identidade própria e foi o que aconteceu nos primeiros anos em que a linguagem fotográfica tateava no escuro tentando se encontrar e acreditar em seu lugar no campo das artes
Uma das maiores contribuições que a fotografia trouxe para as artes de um modo geral foi a sua característica intrinsecamente moderna quando mostrava perspectivas aberrantes das visões que as diversas distâncias focais permitiam. Difícil criar do nada, difícil ultrapassar limites desconhecidos, a fotografia brincou com os planos, criou perspectivas afastadas do olhar humano, expandiu as aberrações do olhar e as incorporou nas interpretações e criações realizadas a partir de novos referenciais. Pedia modernidade em sua semente, embora nascida amarrada aos conceitos estéticos clássicos que buscavam na “câmara obscura”auxílio à reprodução da perspectiva mais realista. Na verdade começa a contribuir para uma desconexão entre conteúdo e forma o que acabaria por acontecer de uma maneira radical no movimento Surrealista.
Os primeiros 50 anos constituem a busca do novo, o conhecimento do novo, de seus limites e suas possibilidades, mas isto vem a acontecer na prática somente após a virada do século e através dos avanços técnicos que ajudavam a clarear o papel da fotografia como meio de produção artística, detendo uma linguagem de possibilidades próprias...
David Aguilar

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