
Andre Kertesz
Uma significante parte dos primeiros fotógrafos tinha na fotografia uma arte auxiliar, uma extensão da própria “câmara obscura” já bastante conhecida nos dois séculos que antecederam a invenção fotográfica. Em seu primeiro momento certamente era difícil de estabelecer com precisão a nova linguagem que se delineava na fotografia, os críticos não chegavam a nenhuma conclusão, perdendo-se em debates de ser ou não ser... arte.
Difícil seria já nascer com identidade própria e foi o que aconteceu nos primeiros anos em que a linguagem fotográfica tateava no escuro tentando se encontrar e acreditar em seu lugar no campo das artes
Uma das maiores contribuições que a fotografia trouxe para as artes de um modo geral foi a sua característica intrinsecamente moderna quando mostrava perspectivas aberrantes das visões que as diversas distâncias focais permitiam. Difícil criar do nada, difícil ultrapassar limites desconhecidos, a fotografia brincou com os planos, criou perspectivas afastadas do olhar humano, expandiu as aberrações do olhar e as incorporou nas interpretações e criações realizadas a partir de novos referenciais. Pedia modernidade em sua semente, embora nascida amarrada aos conceitos estéticos clássicos que buscavam na “câmara obscura”auxílio à reprodução da perspectiva mais realista. Na verdade começa a contribuir para uma desconexão entre conteúdo e forma o que acabaria por acontecer de uma maneira radical no movimento Surrealista.
Os primeiros 50 anos constituem a busca do novo, o conhecimento do novo, de seus limites e suas possibilidades, mas isto vem a acontecer na prática somente após a virada do século e através dos avanços técnicos que ajudavam a clarear o papel da fotografia como meio de produção artística, detendo uma linguagem de possibilidades próprias...
David Aguilar
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